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Pensar primeiro em Mobile deixou de ser o futuro, é o presente


O legal de estar em um evento de desenvolvedores mobile é que tu acaba ouvindo coisas óbvias sobre comportamento de usuário que geralmente não nos demos conta.



Desenvolvo aplicativos Web desde 1999. Em 1999 tínhamos a seguinte situação no Brasil:

  • A tecnologia móvel estava no início da era digital, com as tecnologias GSM e CDMA
  • Os aparelhos serviam basicamente para 3 coisas: fazer ligações, enviar mensagens SMS e jogar Snake. O Nokia 6160 e o Motorola Startak eram o topo de linha!
  • A Internet (discada) custava em torno de 40 reais por um plano de 56Kbps (a ser pago ao provedor), além do custo da ligação pelo modem
  • Yahoo! era o melhor buscador, copiando o modelo de catálogo que os usuários estavam acostumados desde o tempo das listas telefônicas
  • Utilizávamos o ICQ e e-mail para comunicação, os arquivos eram armazenados localmente e usávamos computadores que não podiam ser carregados facilmente para todos os lugares.
  • Sites de notícias tinham o mesmo modelo dos jornais: uma capa, seções e artigos. Os usuários acessavam a capa do site e depois navegavam pelas seções e artigos de acordo com o seu interesse. O modelo era altamente impírico! O site fornece a informação e o usuário consome.

12 anos depois, o cenário mudou um pouco:

  • A tecnologia móvel está consolidada. Chegamos ao ponto de termos mais celulares do que pessoas em vários lugares do mundo. As redes 3G ampliaram a conectividade (apesar de ainda estarmos anos-luz atrás de um cenário desejado por nós).
  • Celulares pararam de ser usados para falar. Confesso que a coisa que eu menos faço no celular é atender ou fazer ligação. Ele se tornou uma ferramenta de comunicação textual e uma forma de se manter informado, compartilhar situações, fotos e muito mais.
  • Ninguém mais paga provedor de acesso, hoje temos internet a 40 reais (sem custo de ligação) por um plano de 5-10Mbps. E todos concordamos que ainda é um pouco caro, pois queremos mais.
  • Surgiram empresas novas como Google, Facebook, LinkedIn, Twitter, etc. (todas estas com menos de 10 anos) e acessamos a internet a partir deles. Google virou verbo e sinônimo de busca na Internet.
  • MSN, Facebook e Twitter se tornaram mais eficientes que os modelos de comunicação tradicionais. Como grande parte está conectada, não tem porque eu fazer uma comunicação "assíncrona", como é o e-mail. Notebooks já estão se tornando altamente obsoletos em detrimento de Tablets (que, se você não se lembra, o primeiro de sucesso (iPad) foi lançado ano passado). A mobilidade, realmente, está dominando o mercado. 

Com tudo isto, o comportamento do usuário mudou. Eles não usam apenas um dispositivo para acesso à informação. Assistimos TV com o celular/tablet ligado, buscando mais informações sobre o programa ou colocando comentários sobre ele. Jogos de futebol sem acompanhar a repercussão no Twitter ficou sem graça. Buscar novos restaurantes, lojas, etc. via Foursquare é mais confiável que pelo Google Maps (por causa das recomendações de outros). Lemos mais as notícias que os amigos "curtem" no Facebook do que as que estão na capa de um portal.

Poucas pessoas hoje lêem jornais. Assim, o "modelo jornal" dos sistes de notícias se tornou ultrapassado. Usuário são informados de uma maneira mais instantânea via Twitter, Facebook e outras redes sociais. Os usuários acabam navegando diretamente nos artigos. Até o modelo de RSS está se tornando ultrapassado frente a este novo comportamento!
Logo, é imprescindível que qualquer cobertura jornalística esteja em um modelo mobile. E não pode ser simplesmente uma cópia do site Web. Aplicativos "engajam" mais os usuários do que sites. Poder assistir um jogo no celular, comentando com os meus amigos, colocando minha opinião sobre o que está acontecendo, interagindo com a cobertura é o que desejo profundamente.

Temos de pensar nestes pontos para que possamos criar produtos que os usuários queiram usar, não o que nós queremos que eles usem. Um usuário gostando de um site irá avisar a seus amigos e, com isto, temos o cenário ideal para as empresas: pessoas propagando o seu conteúdo.

E, seguindo o que já estamos ouvindo há algum tempo mas não damos bola, o exemplo do GetGlue e do Foursquare se torna interessante: primeiro desenvolveram para mobile para só depois lançarem um site web. Pensar qualquer coisa na internet sem levar em conta dispositivos mobile é uma estratégia que, muitas vezes, pode levar a uma falha no projeto.


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